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3 de maio de 2016

Ismélia Saad Silveira


O Jornal 'O Norte Fluminense' fundado por Ésio Martins Bastos em 25 de dezembro de 1946 e
dirigido por Luciano Augusto Bastos no período 2003-2011, tem apoiado incessantemente a construção da memória bonjesuense. Nesse sentido compilamos três matérias, publicadas no mesmo, com a entrevistada Senhora Ismélia Saad Silveira. Algumas alterações foram necessárias ao formato deste blog, as matérias completas podem ser conferidas na página do jornal. As datas foram preservadas para que o leitor possa conferir a matéria completa na barra lateral. 


"sábado, 19 de abril de 2014

 O NORTE FLUMINENSE REALIZA ENTREVISTA HISTÓRICA COM A VIÚVA DO EX-GOVERNADOR ROBERTO SILVEIRA
 Marian Saad Sauma, Maria Cristina Saad Gomes, Olga Borges Saad, André Luiz Ribeiro, Gino Martins Borges Bastos e Ismélia Saad Silveira, viúva do governador Roberto Silveira 
Prédio construído pelo magistrado Emmanuel
Pereira das Neves foi preservado pelo libanês Merhige Saad
 O NORTE FLUMINENSE realizou, na data de hoje, em pleno sábado de Páscoa, entrevista histórica com Ismélia Saad Silveira, a viúva do ex-governador Roberto Silveira.
 O local da entrevista foi a exuberante residência construída pelo libanês Merhige Hanna Saad, pai de Ismélia, na década de 1950. Este prédio foi sede do governo do Estado nos anos de 1959 e 1960, pelo período de uma semana, por ocasião da Festa de Agosto, quando o governador Roberto Silveira vinha a Bom Jesus do Itabapoana trazendo toda a sua comitiva.
  

Prédio centenário da Fazenda São Tomé, na zona rural de Bom Jesus do Itabapoana, onde moraram os irmãos governadores do Estado do Rio de Janeiro, Roberto e Badger Silveira


domingo, 27 de julho de 2014

Ismélia Saad Silveira e a foto com Roberto Silveira na residência em Bom Jesus do Itabapoana


O NORTE FLUMINENSE realizou, no dia 19 de abril, em pleno sábado de Páscoa, entrevista filmada com Ismélia Saad Silveira, a viúva do ex-governador Roberto Silveira. O vídeo histórico, com mais de uma hora de duração, integrará o acervo do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira.

O local da entrevista foi a bela residência construída pelo médico niteroiense Emmanuel Pereira das Neves e que, posteriormente, foi reformada pelo libanês Merhige Hanna Saad, pai de Ismélia, na década de 1950. Este prédio foi sede do governo do Estado nos anos de 1959 e 1960, pelo período de uma semana, por ocasião da Festa de Agosto, quando o governador Roberto Silveira vinha a Bom Jesus do Itabapoana trazendo toda a sua comitiva.
Acompanharam a entrevista as irmãs Marian Saad Sauma e  Maria Cristina Saad Gomes, além de Olga Borges Saad, viúva de José Antônio Saad.
Ismélia Saad Silveira teve 3 filhos com o Governador Roberto Silveira: Jorge Roberto, quatro vezes Prefeito de Niterói; Dôra, museóloga e historiadora; e Márcia, socióloga. Jorge é casado com Cristina Ramalho Silveira com quem tem um filho, já formado em Administração de Empresas, "chamado Roberto, é claro". Márcia é casada com o médico Alberto Domingues Viana, radiologista e professor da UFF. Eles têm um casal de filhos, João Alberto, médico como o pai, e Maria Roberta, que é administradora de empresa.

  

O NORTE FLUMINENSE:  Onde nasceu Roberto Silveira?
 ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  No Sítio Rio Preto, em Calheiros, como todos os irmãos: Badger, Dinah e Zequinha.
 O NORTE FLUMINENSE: No livro ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO, de José Sérgio Rocha, há uma passagem em que Roberto Silveira, quando  criança, e já morando na Fazenda São Tomé, próxima ao Sítio Rio Preto, perguntou a Boanerges Borges da Silveira, seu pai, como teria nascido. A resposta foi que ele teria sido encontrado em uma pedra. Qual o motivo desta resposta?
  ISMÉLIA SAAD SILVEIRA: Em qualquer época, as crianças sempre fizeram perguntas de onde vieram. Hoje, a maior parte dos pais tenta explicar com outras metáforas ou falando a realidade de um modo simples. Mas, naquela época, numa fazenda, as explicações eram “você foi achado na porteira da fazenda, seu irmão num bananal”, etc. Como o Roberto era o caçula, o único lugar que sobrou para ele foi uma grande pedra próxima à casa. Daí, “Roberto, você foi achado ali, naquela pedra”. Essa pedra ainda existe intacta na Fazenda São Tomé.
 O NORTE FLUMINENSE: O referido livro diz, ainda, que Roberto costumava sair da Fazenda São Tomé, passar pelo Sítio Rio Preto para pegar o amigo Neneco, e irem estudar na escola na Barra do Pirapetinga, com a professora Olga Ebendinger. Sabe informar se eles iam a pé?
  ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  Não. O que eu sei é que eles iam a cavalo para a escola e, quando batia a fome, eles raspavam um pão no suor do cavalo e comiam. Uma coisa horrorosa.
  O NORTE FLUMINENSE: O filho de Roberto, Jorge Roberto Silveira esteve, há mais de 10 anos, na Fazenda São Tomé. Sabe como foi esta visita?
ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  O Jorge esteve duas vezes na Fazenda São Tomé, em Calheiros, e sempre lembra como foi bem recebido pelos proprietários, com aquele carinho típico e tradicional dos bonjesuenses.

A primeira vez, ele foi com o Badger, que lhe mostrou a tal “Pedra” onde o Roberto teria sido “achado”. Essa história acabou inspirando o título da biografia de Roberto escrita por um jornalista muito talentoso chamado José Sérgio. A primeira fase da vida de Roberto se chamou “A Pedra” e, a segunda, quando ele entrou na vida política difícil, dura e cheia de obstáculos até a sua morte, “o Fogo”. “A Pedra e o Fogo” é um título que resume bem a história dele.

A AFILHADA DE BOANERGES BORGES DA SILVEIRA EMARIA DO CARMO SILVEIRA, A BILUCA




Biluca e Luiza Abreu dos Santos, esposa de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco,  amigo de infância de Roberto Silveira
  


                           
Leonídia Abreu dos Santos
Leonídia Abreu dos Santos Silva, 61 anos, filha de Manoel Araújo dos Santos, o Neneco e Luíza Abreu dos Santos, é afilhada de Boanerges Borges da Silveira e Maria do Carmo Silveira, a Biluca. Segue seu depoimento:
"Lembro-me sempre do Padrinho Boanerges e da Madrinha Biluca
Recordo-me que mamãe me trazia para vê-los, na casa localizada na Praça Governador Portela. Eles tinham um funcionário chamado Zezinho. Ele era baixinho. Quando chegávamos, padrinho Boanerges mandava o Zezinho comprar balas para mim. Eu tinha cerca de 8 anos. As balas vinham em sacola de papel. Eles sempre tinham um presente para mim. Biluca sempre dava um tecido para que minha mãe fizesse uma roupa para mim,. Minha mãe era costureira."

Leonídia e a boneca de pano que ganhou da madrinha Biluca

  
"A primeira boneca que recebi foi dada por Biluca. O corpo dela era de pano. A cabeça, as pernas e os braços eram de louça. Foi uma imensa alegria quando, em uma dessas visitas, eu ganhei a boneca."




   


"No Sítio Rio Preto havia uma bica de água, com um poço, nos fundos. Ao redor, havia plantação de inhame rosa. Recordo-me que Roberto Silveira chegava, pegava uma folha do inhame, dobrava e fazia um copo. Em seguida, bebia a água neste copo de folha de inhame. Eu sempre achava isso interessante.
Minha madrinha gostava muito de minha mãe. Minha mãe fazia café, comida e atendia todas as pessoas. Tinha muito paciência. Foi o braço direito de Neneco. Se minha mãe soubesse que havia uma pessoa doente, ela atuava insistentemente junto com Neneco para resolver o problema da pessoa. Ela faleceu de leucemia com 46 anos de idade.
 Lá em casa fazia-se título de eleitor. Havia uma máquina grande para fazer as fotos das pessoas e, em seguida, confeccionavam os títulos. A máquina ficava no terreiro, na frente da casa. As pessoas faziam fila. Vinha gente do Cachoeirão e de Calheiros. Meu pai organizava tudo. Eu achava muito curioso isso. A música da campanha eleitoral de Roberto Silveira tinha o seguinte refrão:
Tá tá tá tá na cabeceira
Neneco, Tito
E Roberto da Silveira"

 "Todo ano, na época do Dia das Crianças, Roberto Silveira mandava, para meu pai, brinquedos que cabiam em um caminhão. Os brinquedos eram depositados num quarto de nossa casa e, depois, distribuídos para as crianças da região.Tudo era só coisa boa. Corte de tecido para dar às mulheres e muito brinquedo, bonecas, carrinhos e brinquedos de soprar para fazer bolha.  Na época, na roça, só havia carrinho de sabugo e boneca de espiga de milho, cujas roupas eram feitas por nós. Quando os brinquedos de Roberto Silveira chegavam, todos ficavam malucos.
Nenhum brinquedo era dado aos filhos antes de serem distribuídos às crianças da região.
Recordo que, certa vez, sobrou para mim um palhacinho lindo, vermelhinho com bolinhas brancas. Depois, meu pai descobriu uma criança que não tinha recebido nenhum brinquedo. Meu pai pegou o palhacinho e deu para a menina. Chorei muito".
terça-feira, 4 de novembro de 2014



O NORTE FLUMINENSE: O irmão de Roberto, Zequinha, teve atuação política relevante no Paraná. Poderia falar-nos sobre isso?

ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  O Zequinha se formou em Medicina na época em que era uma façanha alguém do interior entrar numa faculdade. Depois de formado, ele veio de trem para Bom Jesus e foi recebido pelo Prefeito, pelos Vereadores e por metade da cidade, tamanha a importância de um médico diplomado. Ao sair da faculdade, ele trabalhou em Ubá (MG), depois foi para o Paraná onde se estabeleceu. Acabou sendo Prefeito de Nova Viçosa, Deputado Federal e era candidato a Governador do Paraná quando Roberto morreu. Aí, ele desistiu porque, para ele, só valia a pena ser Governador daquele Estado se fosse para ajudar Roberto caso ele se candidatasse à Presidência da República.
  O NORTE FLUMINENSE: A filha de Badger Silveira, Ana Maria Silveira, afirmou a nosso jornal,  que "não tem dúvida de que Roberto Silveira sofreu um atentado". O que você acha desta afirmação?
Os sobrinhos de Roberto Silveira, Ana Maria Silveira e Badger Silveira Filho sustentam que "Roberto Silveira foi alvo de atentado"
ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  É a opinião dela... Minha vida com Roberto Silveira foi maravilhosa. Ele era um ótimo pai, um excelente marido.  Nós éramos tão jovens, com as crianças pequenas... Sinto uma imensa saudade dele... Foi uma grande perda.. Se não fosse meu pai e minha mãe me dando apoio, não sei como eu teria forças para enfrentar tudo isso... Relembrar os fatos é muito doloroso para mim...
Um mar de guarda-chuvas e sombrinhas no último adeus a Roberto Silveira
 Ismélia Silveira: luz e lágrimas que não findam

O NORTE FLUMINENSE: Como foi sua vida e da família, após a morte de Roberto?
 ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  Quando Roberto faleceu, meu filho Jorge tinha 8 anos, a Dôra tinha 5 e a Márcia, 3. Foi um momento de muita dor, que nunca tem fim. Badger era o irmão mais velho do meu marido e foi um segundo pai para meus filhos quando Roberto morreu. Ele morava com a Renee e seus oito filhos no mesmo prédio em que eu criei meus 3 filhos. Hoje, minha satisfação é saber que todos os meus filhos e netos são bem sucedidos, com suas vidas organizadas.
 O NORTE FLUMINENSE: Que conselho você daria para as novas gerações?
 ISMÉLIA SAAD SILVEIRA:  Cada um deve lutar para ter sua profissão, fazer valer a sua cidadania e ajudar a construir um mundo melhor.


Roberto Silveira, Ismélia Saad, Jorge Roberto, Dôra e Márcia

(As três fotos intermediárias são  do livro ROBERTO SILVEIRA, A PEDRA E O FOGO, de José Sérgio Rocha).

              

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